De acordo com um levantamento realizado pela plataforma de inteligência de dados DataHub, entre janeiro e setembro de 2021, a quantidade de Microempreendedores Individuais (MEI) com idades entre 18 e 24 anos cresceu 204% na comparação com o mesmo período de 2019. Também houve um aumento significativo de 58,13% no número de mulheres atuantes na categoria.
“Com a pandemia, ganharam força atividades como a preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo, fornecimento de alimentos para consumo domiciliar, serviços de entrega e promoção de vendas. Esses novos microempreendedores certamente enxergaram essas oportunidades”, diz André Leão, Chief Product Officer (CPO) da DataHub.
Na comparação entre 2020 e 2019, houve crescimento de cerca de 14% no número de novos MEIs. Já em 2021, essa quantidade deu um salto de 34% quando comparada ao ano anterior, totalizando mais de 2,285 milhões de novas microempresas. “Esses dados podem ser considerados reflexo da ampla vacinação no país e das flexibilizações nas restrições sanitárias, o que acabou por reaquecer o mercado de bens e, sobretudo, o de serviços, como cabeleireiros, manicures e pedicures”, avalia Leão.
Ao analisar os dados do MEI em conjunto com os da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), a pesquisa identificou o fenômeno da “pejotização”, com contribuições tanto da reforma trabalhista sancionada em 2017 quanto da pandemia da covid-19. Nesse caso, em vez de as empresas realizarem contratações sob a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), vale um acordo em que o trabalhador emite uma nota fiscal – ou seja, abre uma empresa ou se torna uma Pessoa Jurídica (PJ) – e passa a prestar um serviço.
“A RAIS tem, entre outras funções, o fornecimento de dados para a elaboração de estatísticas do trabalho. A partir dela é possível ter acesso, por exemplo, a dados como data de admissão e demissão dos trabalhadores. Ao relacionar esses dados é possível observar o perfil de pessoas físicas que já estiveram em regime CLT e abriram MEI antes ou depois de serem dispensados”, explica o CPO.
Segundo o relatório, mais de 3,438 milhões de pessoas que atuavam em regime CLT, entre 2016 e 2020, se tornaram Microempreendedores Individuais. Apesar da soma de Pessoas Físicas que foram dispensadas e possuem MEI ser maior em 2019 (851.564) que em 2020 (772.584), a parcela de trabalhadores que abriu o MEI antes da demissão tem uma tendência crescente desde 2017. Em 2020, essa categoria chegou a 221.601, um aumento de 48% em relação ao ano anterior.